domingo, agosto 28, 2011

✽ Outro Dia de Chuva

Ontem no meio da tarde estava voltando pra casa a pé por uma avenida movimentada e percebi o tempo ruim. O céu foi se fechando e como que num instante as nuvens carregadas se aproximaram. Começou a chover. Em segundos a chuva virou tempestade, cada vez mais forte, tudo meio repentinamente. Sem guarda-chuva, a minha primeira reação foi me apressar a colocar a blusa de frio, prender os cabelos, apertar o passo e torcer para chegar logo em casa.

Um pingo de chuva mais grosso que o outro, e cada um deles um pouco mais gelado - aquela sensação de incômodo. Pareciam todas as pessoas na rua terem a mesma reação: todo mundo apressado, maldizendo a chuva, resfriando-se os corpos. Uma murmuração aqui, uma reclamação ali - só se falava em como a chuva estragara o dia.

Pensava então comigo se me encontrava em igual condição.

Olhei pra cima e o céu continuava muito azul. De certo depois da chuva viria um lindo arco-íris. Olhando à minha volta não achei um motivo sequer que justificasse qualquer reação mau humorada da minha parte. Pois tornei-me, ao invés de me apressar, a diminuir o passo, tirar a blusa de frio para sentir os pingos gelados direto na pele, deixar molhar... soltar o cabelo, desenbaraçá-lo com os dedos lentamente e apreciar a caminhada. Rendida ao inevitável, concluí que nada no dia podia fazê-lo mais especial do que essa chuva: ela fizera do meu dia um dia incomum.

A aventura de desviar das poças d'água me fez compania, e nenhum som me era mais familiar do que o dos carros passando rapidamente no asfalto das ruas molhadas. Ri em voz alta vezes incontáveis. Me sentia boba e completa.

Quando cheguei à escada do prédio, subi até a portaria com certa melancolia: o trajeto acabara. Ao passar pelo portão cumprimentei o porteiro com um "boa tarde" falado e rido ao mesmo tempo. Algo do tipo "Olha só para mim! Estou encharcada!". Quando subi para o apartamento a chuva já estava parando, e fui direto para a janela procurar o arco-íris. Nada o faria mais visível do que fechar meus olhos e deixar a brisa secar meu rosto:

- O arco-íris estava dentro de mim.

*Escrito no dia 10/04/2007. Revisado no dia 29/08/2011

Um comentário:

  1. Tem um arco-íris dentro de mim agora! ;)
    Vou voltar a escrever.

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